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Como saber

Tudo que eu precisava era saber. Saber das coisas que nunca soube, mas, aparentemente, agora estou descobrindo. Saber. Ouvir de vez em quando. Ter certeza. São coisas que nunca tive. São coisas que sempre busquei. Sempre sonhei de olhos abertos. Sempre tive pesadelos de olhos abertos também. Mas era como ser cega. Por que eu não conseguia ver o que era real, só a parte da "fantasia". Então abriram-me os olhos. Tudo que eu achava que sabia, eu, realmente, não sabia. Tudo que eu via, eu, realmente, não via direito. Eu conseguia ver os pensamentos saindo da minha cabeça. Eu pensava ver os pensamentos sainda da cabeça de todo mundo. Eles tinham sons, tinham cores, tinham cheiro, até! Mas não era de verdade, era? Como saber? Como ouvir? Como ter certeza? A gravidade não funcionava em mim. Eu estava acordada, mas meus pés não tocavam o chão. Agora é diferente. Agora eu sei. Agora eu ouço. Agora tenho certeza. (Pelo menos pela maior parte do tempo). Me sen

Ideal... para quem?

Todo mundo tem medos. Desde pequena, eu tenho medos. Sou uma pessoa medrosa. No fundo, quem não é? Medo de altura, medo de escuro, medo de roda gigante, medo de se afogar, medo de ser atropelada e medo de ser assaltada. Ok, são medos demais. Mas, talvez, o maior seja olhar no espelho – e não, isso não tem nada haver com meu corpo. Sim com o que eu vejo lá dentro. Alguém já disse que os olhos são as portas para a alma do dono do olhar. Eu falo disso aí. Tenho medo de me olhar no espelho e não me ver mais. Quero olhar meu reflexo e ver no fundo da minha alma. Por que pelo meio mais prático – olhar dentro de si – está muito difícil de decifrar a senha. Se o espelho é essa chave, então quero vê-lo. Com medo do que vou encontrar. Mas quero ver. Medo de que eu não veja a pessoa que planejei ser, que sonhei ser, que busquei ser, durante toda a minha (breve) vida. Crianças são criaturinhas adoráveis e interessantes. Seus pensamentos são verdadeiros atos de honestidade. Sinceridade. Ingen

Carry On

Estou lendo um livro engraçado. É muuuuito parecido com Harry Potter. Mas como eu gostei de HP, tô lendo! Vamos dar uma chance, eu gosto da autora e coisa e tal. A história envolve dois garotos. Um bruxo e um vampiro. Um gosta do outro. De formas peculiares, cada um. Mas gostam e é isso que importa aqui. Estava tentando entender o sentido da história. A moral da fábula. E descobri que não tem. É, não tem. A moral é que não tem moral. Que isso devia ser normal. A sexualidade deveria ser uma coisa normal. Discutível, sim. Errada, não. Tudo a gente pode questionar, beleza. Tem filósofos que questionam a própria realidade, o universo, a vida. Beleza de novo. A gente pode se auto questionar. Pode perguntar-se se o que estamos sentindo é real, é válido e coisa e tal. Mas odiar algo, negar algo, só por que é diferente do "normal", é errado! Gente, que século é esse em que vivemos! Já evoluímos tanto! Poderíamos muito bem ser seres humanos melhores. Mas aí estamos ap

Será que foi tempo perdido?

Eu nunca soube contar muito bem o tempo. Ele sempre foi meio distorcido para mim. Para todo mundo eu acho. Nunca me apeguei muito no relógio. Eu durmo cedo. Mas a noite e a manhã correm mesmo é dentro da minha cabeça. Acordo tarde. Gosto de dormir. Mas tenho medo do que ocorre lá dentro, quando estou dormindo. Mesmo assim, é quando minha cabeça dá uma trégua. Ou pelo menos assim eu penso. Pelo menos não sei o que está acontecendo quando vou para lá. Sei que o que eu vivo aqui está difícil. Eu gosto de perder tempo fazendo nada. Pensando na vida. Me torturando sob supervisão da minha mente maquiavélica.  Não que eu escolha ser assim. Não. Não tenho opinião dentro de mim mesma. Para mim, ler não é perder tempo. Assistir seriado não é perder tempo. Para mim, toda hora é tempo. O tempo pode ser uma tortura. A lei da relatividade. Se você está do lado de fora, querendo entrar, o tempo passa muito devagar. Acho que é assim que vivo. No país fantástico da relatividade. Não go

Tinha uma pedra no meu caminho

No meio do meu caminho tinha uma pedra. E o que fiz? Topei, claro. Todo mundo topa nas pedras no caminho. Até por que normalmente não olhamos direito por onde estamos indo. A maioria das pessoas (eu, principalmente) vai andando na direção que o vento leva. E até que não tem nada de errado nisso, não me entendam mal. Só que, quando fazemos isso, não vemos as pedras que estão no caminho. Às vezes pensamos que estamos no caminho certo, mas essa estrada é mais esburacada que as BR's do Brasil. O que fazer, meu Deus, para evitar cair em cada volta? Eu sempre pensei que "o babado", era olhar para trás e ir andando devagar, para não cair. Mas, hoje, aprendi que não importa muito o que você já andou. Importa o que ainda falta para você chegar no seu destino.  E o destino é o importante aqui: se você tiver um destino bem estabelecido e concreto, está mais do que ok você pegar desvios. Mesmo que você pegue um atalho, sabe que tem um lugar para chegar. E é isso que vai te

Paranoia

Minha terapeuta disse, ontem, que eu não deveria criar tantas expectativas do mundo. O mundo é sujo, eu disse. As expectativas que crio são o que o deixam menos preto no branco, menos cinza. Mas agora, depois de ruminar sobre o assunto, talvez eu ache que ela tem razão. Criar. É o que faz o mundo ter cores para mim. É um processo complicado. É um parto. Cada linha que escrevo é mais uma contração. Eu sofro = eu crio. Acho que foi o Lobão que disse uma vez que só escrevia quando estava triste, por que é da tristeza que saem as melhores reflexões. Para mim, tudo que vejo pode ser transformado em texto. Isso me deixa um pouco paranoica. Não vivo muito tempo no "mundo real", meus pés estão sempre um pouco mais altos que a cabeça de todo mundo. Eu vivo pensando em escrever. Eu vivo para criar. E tudo que eu vejo tem frases. Agora para o que importa: quando eu te vi, eu escrevi o texto inteiro de nossas vidas na minha cabeça.

Meu retrato, e não o de Dorian Gray

Eu estou lendo Oscar Wilde. Mais especificamente O retrato de Dorian Gray. Ainda não terminei. Estou na metade, na verdade. Mas já me deu muita coisa para pensar. Como seria se eu pudesse me observar como Dorian se observa, de fora. Como se não estivesse acontecendo com ele. Como seria minha reação de fronte a um espelho que me retrataria da forma mais humana e pecadora possível. Deu foi um nó na minha cabeça.  Deixa eu explicar: Na história, Basil (artista, pintor, amigo e adorador de Dorian) pinta um quadro de Dorian, que, mais tarde, fascinado pelas reflexões de um certo Lord Henry, nada supérfluas, vê que a sua beleza e juventude é apenas passageiro. Ele se assusta e praga o quadro, por ter marcado uma fase tão linda de sua vida, quando ele, Dorian, iria desgastar-se. Mas o que acontece é justamente o contrário. Enquanto o personagem comete pecados e é acometido pelo tempo, quem muda é o quadro. Ele, Dorian, fica intacto.  Não quereria eu ficar intacta. Já imaginou que